quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

História de Parnaíba

A presença de um delta em mar aberto, fora o atrativo para que navegadores e aventureiros como Nicolau Resende (1571), Gabriel Soares de Sousa (1587), Pero Coelho de Sousa (1602), Martin Soares de Sousa (1631) e Vital Maciel Parente (1614) além de Padres Jesuítas, pesquisadores e outros fizessem incursões e explorassem a região de Parnaíba, dando notícia sobre a grandiosidade do Rio existente e do seu Delta, muito antes da chegada dos Bandeirantes Paulistas, desbravadores e colonizadores do Piauí.
A região do delta do Rio Parnaíba, povoada por Tremembés, foi o alvo de uma intensa ação dos jesuítas. Já em 1607, registra-se a presença de jesuítas na região, quando o Padre Luís Filgueiras atravessou o Rio Parnaíba com alguns de seus comandados para se estabelecer no Maranhão, fugindo de novos ataques indígenas nos contrafortes da Ibiapaba, quando deixou para trás o corpo de seu companheiro de expedição: Padre Francisco Pinto, morto com crueldade pelos Tacajirus no planalto ibiapabano.
Em 1669, século XVII, Leonardo de Sá e seus companheiros desbravaram a região entre o Rio Igaraçu e a Serra da Ibiapaba e travaram forte combate com os Tremembés, índios nadadores, terríveis que dominavam toda região do Delta, parte do litoral do Maranhão e do Ceará. Os Tremembés foram apelidados de peixes racionais porque saqueavam embarcações com excelentes mergulhos, e permaneceram na região, durante muitos anos defendendo suas tabas.
Em Ato de 12 de janeiro de 1699, o Conselho Ultramarino, determinou a sondagem do rio e a viabilidade da construção de um porto e erguimento de uma vila na região do Delta, já que esta parecia propícia à fundação de uma feitoria ou de uma vila e por meio da qual muitos comerciantes e contrabandistas do Pará, Bahia e Pernambuco que renunciaram ao doloroso trajeto terrestre atraídos pelo crescimento de fazendas e currais no interior da capitania do Piauí e escolheram fazer o translado do gado por via fluvial e marítima. Em função da existência de uma Carta Régia datada de 1701, permitindo que o gado somente pudesse ser criado à distância de 10 léguas do litoral, forçava uma penetração subindo o Rio Parnaíba, criando a necessidade de erguimento de um entreposto para guarda de animais e mercadorias que seriam usadas na troca. Esse entreposto, que passou a ser chamado de Porto das Barcas, desenvolveu-se em função da necessidade de acondicionamento da carne bovina que seria levada para regiões distantes, nascendo ali a industria do charque, que consiste no abate do gado e na seca ao vento e ao sol da carne e sua posterior prensagem

Colonização

Dois núcleos deram origem à cidade de Parnaíba: o Testa Branca e o Porto das Barcas.
O Testa Branca era uma grande fazenda de gado e que mais tarde, tornou-se num arraial com poucos habitantes e poucas possibilidades de desenvolvimento. Segundo alguns historiadores, o termo ‘testa branca’ foi designado pela existência de uma rês com a testa branca que vivia ali e que simbolizava as areias brancas presentes no povoado. Quando ocorre a instalação do governo autônomo do Piauí, separado do Maranhão, com a posse do primeiro governador, João Pereira Caldas, em 20 de setembro de 1759, a capitania ganhou maior dinamismo e pôde, na medida do possível, executar as determinações régias do Conselho Ultramarino e implementar outras de iniciativa próprias. Em 29 de julho de 1759, a Carta Régia autorizou o governo da capitania a criação de novas vilas, mas João Pereira só leva a efeito essa autorização em 1762, quando funda na capitania mais seis novas vilas, entre elas Parnaíba.
A escolha da sede da nova vila recai sobre a povoação de Testa Branca que passou a chamar-se de Vila de São João da Parnaíba em 18 de agosto de 1762, nesta época o povoado contava apenas com quatro residências, oito brancos livres e onze escravos. Enquanto no interior da vila o número de residências era 330, e contava-se com 1.747 brancos livres e 602 escravos.
Essa atitude do governador João Pereira Caldas de elevar a sede da vila na localidade Testa Branca, foi por demais incompreendida, uma vez que no Porto das Barcas já existia o Pelourinho, símbolo da autonomia municipal. Para desenvolver o povoado Testa Branca havia o compromisso firmado pelos comerciantes junto ao governador durante a fundação, que era de construir 59 casas, mas que tal acordo nunca foi cumprido. Ao contrário: em 1769 a Câmara, instalada no Porto das Barcas, proíbe novas edificações em Testa Branca.
O Porto das Barcas – antes denominado Porto Salgado – situado à margem direita do Rio Igaraçu, prosperou devido a grande agitação de embarcações, tornando-se numa feitoria crescente do comércio que teve notável impulso, administrado pelo português João Paulo Diniz, proprietário de oficinas de carnes secas, situadas a 80 léguas da foz do Rio Parnaíba; aquele trazia em suas sumacas (barcas) gêneros alimentícios e charque para enriquecer o comércio de Parnaíba, além de várias fazendas, foi arrendatário da Ilha do Caju.
Em 1711 com a ajuda do coronel Pedro Barbosa Leal e alguns moradores, João Paulo Diniz constrói uma pequena capela para Nossa Senhora de Mont Serrat, imagem vinda de Portugal, e que foi venerada como Padroeira da Feitoria, mas a imagem fora levada à Matriz de Piracuruca em 1712, devido aos ataques dos índios tremembés na feitoria. Vale enfatizar que João Paulo Diniz precedeu a Domingos Dias da Silva na exploração do comércio de carne seca, o charque, com grande êxito. Com isso, foi sem dúvida o iniciador da colonização e do desenvolvimento de nosso município junto ao município junto ao coronel Pedro Barbosa Leal, também português.
Destaca-se também como assentador do Marco Histórico e de desbravador da Região Norte do Piauí – Parnaíba – o português Domingos Dias da Silva, em 1758 procedente do Rio Grande do Sul, trouxe fabulosa fortuna em ouro e prata, instalou-se aqui e conquistou grande patrimônio tornando-se notável fazendeiro, grande agricultor e respeitado comerciante. Como era um homem de grande visão, efetivou comércio direto com Lisboa para exportar seus produtos e importar os que careciam.
Domingos Dias da Silva estimulou o comércio como um verdadeiro líder e dominou economicamente o Piauí e parte do Maranhão. O charque, carne desidratada pelo sol e vento, era vendida para Pernambuco, Pará, Maranhão, Bahia e Rio de Janeiro. O notável comerciante, logo construiu um palacete para sua residência. Após a sua morte ocorrida em 1793, os seus filhos Raimundo e Simplício Dias da Silva, herdaram uma grande riqueza.
Em 1770 o governador Gonçalo Botelho de Castro transferi oficialmente a sede da vila de Testa Branca para o Porto das Barcas por este apresentar um pomposo desenvolvimento comercial. Neste mesmo ano (1770), deu-se início a construção da Igreja Nossa da Graça, atualmente Catedral, uma das poucas construções do estilo barroco em nosso Estado.
O comércio de escravos significavam também um altíssimo investimento, pois grandes lotes de escravos eram vendidos para o Maranhão, Ceará e municípios vizinhos. Os jovens escravos negros tinham seus preços superiores a idades, igual ou superior a 50 anos, enquanto as escravas só tinham os seus valores superiores aos dos homens quando apresentavam habilidades domésticas e ainda se fossem consideradas como geradoras de novos escravos.
Simplício Dias da Silva – homem de grande prestígio em todas as esferas sociais – possuía cerca de 1.800 escravos, organizados militarmente com armas, educados e preparados em sua maioria em Lisboa e Rio de Janeiro.
No século XIX , graças a iniciativa de Simplício Dias da Silva no governo de Baltazar Botelho de Vasconcelos por ato de Dom João VI foi edificada a Alfândega em 22 de agosto 1817 que teve por finalidade estabelecer o controle de escravos que chegavam na vila e dos que já existiam.
Em 17 de setembro de 1829, falece na vila, Simplício Dias da Silva.
Em 14 de agosto de 1844, a Vila São João da Parnaíba é elevada a categoria de cidade pela Lei nº 166 promulgada pelo presidente da Província do Piauí, José Ildefonso de Sousa Ramos. A cidade recebeu o nome de Parnaíba, cujo significado é rio ruim, de águas barrentas, rio não navegável, na língua tupi guarani, em homenagem ao berço natal do desbravador Domingos Jorge Velho, nascido na vila de Parnaíba, em São Paulo.

Um comentário:

Neta disse...

foi muito bom o resumo sobre a história e colonização de Parnaíba
pois poucos livros trazem a história tão resumida e rica como está aqui no manduladino.
Iremos apresentar um seminário sobre Parnaíba e esses textos só vieram enriquecer o mesmo.
Acadêmicas do Curso Normal Superior do ISEAF Núcleo Operacional de Parnaíba ENFC

 
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