sábado, 9 de agosto de 2008

Matéria sobre o Delta do Parnaíba


Barreirinhas é uma dessas cidades cujo cotidiano é marcado fortemente pela tranquilidade e onde a rotina se traduz na simplicidade de seu povo. Algo a mais, porém, diferencia Barreirinhas de outros cinco mil municípios espalhados pelo Brasil. Afinal, trata-se da via de acesso mais fácil para um dos mais fascinantes locais do país: os Lençóis Maranhenses, espécie de deserto que ganha um colorido especial agora, durante as chuvas (com suas lagoas), mas durante o verão adquire seu brilho mais intenso, aproximando-se das miragens inerentes aos grandes desertos, como o Saara.

Transformado em Parque Nacional através de decreto federal número 86.069, de 2 de junho de 1981, os Lençóis Maranhenses cobrem uma área de 155 mil hectares. Apresentam-se em relevo plano, preservando um ecossistema úmido de dunas, mangues e restingas. Na embocadura do Rio Periá ocorre a transição entre duas áreas distintas: a oeste, as rias (costas de recortes profundos, onde o mar é raso); e a leste, as formações arenosas, formando os chamados lençóis (série de dunas) do litoral maranhenses. Um show da natureza, que o norte-rio-grandense não pode perder.

De todos os seis municípios que estão na área de influência do parque, Barreirinhas é o que abriga a maior e melhor parte. Do total da área do parque - 270 km de extensão (desde o Golfão Maranhense até a foz do rio Preguiças), equivalente à da maior cidade da América Latina, São Paulo -, mais de um terço fica no litoral de Barreirinhas. São quilômetros de dunas gigantes de areia fina que parecem não ter fim. São de uma plasticidade fascinante. Uma paisagem que lembra um deserto sui generis, chuvoso, com piscinas naturais em tons azuis e verde.

O Parque dos Lençóis tem uma infinidade de praias oceânicas, extensas, desertas e de nomes exóticos. Algumas são banhadas pelo Preguiças, um rio majestoso, de leito lento, que corta parte do território barreirinhense. Nesse cenário multicolorido pode-se apreciar, ainda, vastas florestas de mangues do tipo siriba, que crescem até 50m e deixam à mostra suas raízes; belas palmeiras de buritis (com suas palhas em forma de leque); e campos que abrigam lagoas, lagos pequenos, braços de rios e uma variedade de flores, pássaros e peixes exóticos.

Delta do Parnaíba

Apenas três grandes rios no mundo transformam-se radicalmente ao desembocar no mar. Um deles, o Rio Parnaíba, forma o único delta em mar aberto de toda a América. Quando se aproxima do Atlântico, o Parnaíba deixa de ser apenas um rio e divide-se em cinco canais ou barras: Igaraçu, Canários, Caju, Carrapato e Tutóia. Seu leito multiplica-se em dezenas de ilhas, com direito a igarapés, manguezais, dunas, praias e fauna variada.

Formado de praias desertas, despoluídas, adornadas por dunas de até 40 metros de altura, além de mais de 70 ilhas com igarapés, cercados por florestas de mangues e carnaubais, o Delta do Parnaíba é um berçário biológico que abriga as mais notáveis espécies de nossa fauna e flora. Nas ilhas do Delta também há pequenos e humildes povoados onde vivem pescadores e catadores de caranguejo, que viraram personagens de uma história enriquecedora e natural.

As ilhas mais importantes - ou melhor, mais conhecidas - do Delta são a Ilha Grande de Santa Isabel, Batatas e Trindade, no Piauí. No Maranhão destacam-se a Ilha dos Canários, do Caju e do Bagre Assado, entre tantas outras. A Ilha do Caju é uma das maiores e mais exuberantes. É um verdadeiro santuário ecológico, com 11 mil hectares. O equilíbrio do ecossistema, por lá, é exemplar (ainda). O cenário é diversificado, com florestas nativas de várias espécies, que servem de alimentação para a fauna, que em toda a ilha está preservada da caça predatória e ilegal.

Muitas aves migratórias e certas espécies de garças utilizam a Ilha do Caju para fazer seus ninhos e criar seus filhotes. Pertencente à família Clarck há mais de um século, a ilha foi palco de implantação de uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural). Detalhe importante: os turistas que pernoitam na ilha têm uma interessante pousada à disposição, que funciona numa antiga casa de fazenda. Já pensou dormir com um barulho desse?

A fauna do Delta do Rio Parnaíba é diversificada e abundante. Os manguezais abrigam variadas espécies, que desempenham importante papel no equilíbrio ecológico da região e ainda constituem-se em local de alimentação e abrigo para animais em risco de extinção, como o peixe-boi marinho e o guará vermelho. O Projeto Peixe-Boi, do Ibama, mantém uma base no município de Cajueiro da Praia, no Piauí.

Garças, marrecos, guarás, jacus, socós, tucanos e centenas de aves cortam ruidosamente o céu de todo o Delta do Parnaíba. Quando não estão realizando suas "expedições", podem ser observados em meio à densa vegetação. Na água, espécies típicas de água doce e salgada se misturam. São robalos, baiacus e camarões; além de jacarés, tartarugas, arraias e cações.

Nos manguezais, macacos são comumente observados pulando de galho em galho nas frondosas árvores de raízes altas e retorcidas. As dunas, que também compõem a paisagem local, se incumbem da fixação da vegetação rasteira. Enfim, o cenário é multifacetado, com destaque onipresente da natureza, principal motivo para o norte-rio-grandense, em geral, visitar o Delta do Parnaíba.

Fonte:
http://diariodenatal.dnonline.com.br

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