terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sossego na Areia do Cajueiro da Praia

O Delta do Parnaíba, na divisa com o Maranhão, garantiu seu lugar na lista das maravilhas brasileiras e é forte candidato a entrar para a seleta categoria de "viagem dos sonhos". Colada no Ceará e infinitamente menos conhecida, a cidade de Cajueiro da Praia não teria dificuldade para seguir esse caminho. Não enquanto o mundo for mundo. E o turista continuar gostando de faixas de areia clara e fofa, arrematadas por um mar azul de águas mornas.
Uma vez em Cajueiro, o melhor lugar para comprovar essa tese é a Praia de Barra Grande, que bem aos poucos vê sua vila de pescadores ser transformada em reduto de aventureiros e de visitantes ecologicamente corretos. O ritmo da mudança, por assim dizer, acompanha o arrastar de chinelos dos cerca de 1.700 moradores. 
São eles que contam, sem esconder o orgulho, que em alguns dias nenhum veículo cruza a Rua Portal da Barra, a principal do centrinho. Repare que as pousadas mais charmosas e os melhores restaurantes da região estão concentrados ali, no meio daquela tranqüilidade.Na fachada de um deles, outro indício da calmaria: "abre após o pôr-do-sol", indica a placa. 
Não longe dali, a modesta Igreja Nossa Senhora da Conceição serve de referência para os visitantes. Bem do lado dela está o posto de atendimento turístico. A vila, dizem, gosta de estar bem preparada para receber quem vem de fora. 
Recentemente, se embonecou à espera dos turistas. As paredes das casinhas de taipa foram pintadas com cores diferentes e os postes de iluminação do centrinho ganharam cabaças coloridas. Outra medida (meio engraçada, meio curiosa): a localidade montou pocilgas públicas para reduzir o número de porcos nas ruas.

FESTA NO CÉU

Mas o principal trunfo de Barra Grande é mesmo sua praia de areia fofa e águas rasas. Visitante de bom gosto espera pela fase da maré baixa, quando surgem os bancos de areia. Você encontra um deles e caminha até as pernas cansarem. Ou apenas relaxa ao sol.
Muitos dos que chegam a esse paraíso são praticantes do kitesurfe. O mar com jeito de lagoa e os ventos fortes (entre 18 e 30 nós) da região formam as condições ideais para o esporte - tanto que duas escolas especializadas se instalaram por lá.
Entre os comerciantes que souberam aproveitar a invasão dos esportistas está o médico Ariosto Ibiapina, de 56 anos. Há três anos e meio, ele se divide entre a Barra Grande Kite Camp e o hospital que montou em Parnaíba, a 60 quilômetros dali. "A clínica é meu ofício e a pousada é meu lazer, onde me divirto e me livro do stress."
O doutor Ariosto, como é conhecido, procura estimular a comunidade a praticar o kite. Iniciativa que já rendeu frutos. Um de seus funcionários, Hélio Cabrinha, de 18 anos, aprendeu a velejar por ali e foi vice-campeão no freestyle na 1ª etapa do Brasil Kite Tour 2008.
Fora desse circuito radical, o passeio do cavalo-marinho é outra das atrações de Barra Grande. Evandro Carlindo da Silva, de 27 anos, e Davi dos Santos Soares, de 24, são guias da associação de condutores de turismo local, a Barratur, criada há quase cinco anos pela comunidade. Eles cresceram em meio ao mangue e conhecem a fragilidade desse ecossistema. Lição que repassam aos turistas em palavras e ações: sempre devolvem às águas o astro mais famoso do roteiro. 
No tour, os guias remam a canoa meia hora por um braço do Rio Camurupim e estacionam nas raízes, perto da praia. Depois, procuram os animais com cuidado e acomodam os cavalos-marinhos em um pequeno aquário. Assim, pelo vidro, os visitantes podem ver de perto essa espécie ameaçada de extinção (leia mais abaixo). Para terminar, um refrescante banho de rio. 
Passeio do cavalo-marinho: (0--86) 9984-3986 e (0--86) 9931-0176; preço: R$ 20 por pessoa

FIQUE DE OLHO

A espécie Hippocampus reidi, presente no litoral do Piauí, está ameaçada de extinção por razões, no mínimo, vexatórias. Por muito tempo, ela foi caçada para enfeitar aquários, fazer poções curativas duvidosas e compor peças de artesanato. 

PARA ESPORTISTAS

Fortes correntes de ar e mar de águas calmas dão ao litoral do Piauí as condições perfeitas para a prática do kitesurfe. Tanto que a região atrai circuitos profissionais do esporte. Um exemplo é a Praia do Coqueiro, em Luís Correia, que recebeu no mês passado a 1.ª etapa do Brasil Kite Tour 2008. É o terceiro ano seguido que o campeonato brasileiro passa pelo Piauí. "O kitesurfe é um esporte limpo, que só depende da natureza. Por isso, fica mais fácil o turismo se desenvolver com sustentabilidade", diz Márcia Chame, secretária da Associação Brasileira de Kitesurfe e mãe de um craque do esporte, Reno Romeu. Ele é o atual campeão brasileiro na modalidade freestyle, a mais concorrida. Entre as meninas, o esporte também vem ganhando espaço. Carol Freitas, por exemplo, é bicampeã na categoria wave e campeã da regata. Bruna Kajiya, de 21 anos, é bicampeã nacional no freestyle e duas vezes vice-campeã no circuito mundial. A 2.ª etapa do Brasil Kite Tour 2008 ainda passa por Fortaleza (CE), de domingo a terça, e pelo Rio, de 12 a 16 de novembro. Site: www.brasilkitetour.com.br.

Fonte:
Lucas Frasão

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