terça-feira, 21 de outubro de 2008

Macacos e Caranguejos num Sáfari pelo Delta do Parnaíba


O guia assobia para chamar a atenção dos macacos, mas eles nem se mexem. Enquanto isso, a canoa prossegue em marcha lenta pelos igarapés da Ilha das Canárias, no Delta do Parnaíba. Jeílsom da Rocha, de 27 anos, está no comando da embarcação. Sem interromper as remadas, ele aponta os animais para os turistas, dá as instruções do passeio e aperfeiçoa as piadas: "Tomem cuidado com os obstáculos e fiquem tranqüilos. Se vocês caírem na água, as piranhas não vão atacar", brinca. As confortáveis lanchas em que o grupo embarcou no Porto dos Tatus, em Ilha Grande de Santa Isabel, ficaram para trás. Não conseguiriam seguir em meio à mata fechada. Sobraram as canoas, que agora desviam das raízes do mangue. Os galhos surgem por cima e pelos lados e, uma hora ou outra, é preciso esquivar o corpo para não ser atingido. Cuidado redobrado com o jiquiri de espinhos afiados. Você também verá árvores de açaí e dendê. Todos estão ansiosos para ver os macacos no safári pelo Delta, mas eles ainda não deram o ar da graça. Morcegos, capivaras e jacarés também parecem tímidos. Mas uma cascavel descansa em um tronco de árvore, não muito longe. Sem o olhar apurado do guia, no entanto, ninguém teria notado a existência da cobra. Mas onde está o macaco, hein, Jeílsom? Com a provocação, o guia pula na água e escala as raízes como se estivesse em um parque infantil. Parece até um habilidoso caranguejo do mangue. Dois minutos depois, volta a assobiar baixinho, tentando atrair os bichos para perto das canoas. Mais cinco minutos. Silêncio... Pronto! Lá estão os macacos bugio, pulando de galho em galho. Um, dois, três, o casal, a fêmea com o filhote, todo o bando. Hora dos cliques. Mas só para quem tiver um bom zoom - não é possível chegar tão perto dos animais. PERNOITE De volta às lanchas, o grupo segue ao Restaurante e Pousada Recanto dos Pássaros (0--86- 9977-4411), ainda na Ilha das Canárias. O ingrediente principal da refeição, uma caranguejada, é retirado no mangue ali ao lado. Uma corda com quatro animais sai por R$ 7. Difícil mesmo é quebrar o bicho e sugar a carne que ele esconde nas patas. Antes dono apenas do restaurante, Osvaldo de Araújo Gaspar, de 52 anos, resolveu abrir a pousada há cerca um ano. Que tal aproveitar a oportunidade para passar uma noite no Delta? Os quatro bangalôs são de taipa com telhado de palha, nada luxuosos. "Quem vem aqui quer natureza e algo simples mesmo", diz Gaspar. O povoado mais próximo fica a um quilômetro dali e tem 2 mil habitantes. A diária custa R$ 45 por pessoa e inclui um café bem regional, com cuscuz e tapioca. ÚNICO O turista que chega ao Delta do Parnaíba pode se gabar, sim, pois está conhecendo um dos lugares mais exclusivos do planeta. Em todo o continente americano, esse é o único delta a desembocar em mar aberto. No resto do mundo, o fenômeno só ocorre no Rio Nilo (África) e no Mekong (Ásia). Um espetáculo natural que corre por 1.485 quilômetros e se divide em cinco ramificações ao chegar ao Atlântico, formando um arquipélago com 2.700 quilômetros quadrados. Diante disso, fica fácil entender por que o Delta foi escolhido como cartão-postal do Piauí, apesar de 65% de sua área estar no Maranhão. Mais de 80 ilhas compõem o cenário. As mais conhecidas são a Canárias, a do Caju, a Grande do Paulino e a dos Poldros. Os passeios que levam a elas saem do Porto das Barcas, no centro de Parnaíba, ou do Porto dos Tatus, em Ilha Grande de Santa Isabel, a 20 minutos de lá. O tour básico vai até o pontal da Ilha dos Poldros, que tem rio de um lado e mar de outro - no meio, ficam as dunas. Um primor.  Passeio até as ilhas do Delta: informações na Associação de Monitores do Delta do Parnaíba (0--86) 9999-2718 Safári no Delta: na Aventur Ecoturismo: (0--86) 3321-3002; www.aventureventos.com.br


Fonte:
Lucas Frasão

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