terça-feira, 21 de outubro de 2008

Paisagem ao Sabor do Vento

Uma brisa leve ou uma rajada que tira o sossego de quem tenta se banhar ao sol. São absolutamente volúveis os ventos que, em questão de segundos, dão novas formas ao litoral do Piauí. As correntes de ar entortam as carnaúbas, varrem as dunas para muito longe e só por milagre poupam as casas de taipa onde vive um povo humilde e hospitaleiro. Pessoas que ainda recebem os visitantes como se fossem amigos - e não potenciais clientes. Até porque o interesse turístico pela região é algo novo, novíssimo. Começou com a descoberta do Delta do Parnaíba, maravilha que o Piauí divide com o Maranhão. Mas não demorou a chegar às praias lindas e rústicas do menor litoral do Brasil, onde bons ventos incentivam as manobras radicais do kitesurfe.  Ao contrário dos Estados vizinhos, verdadeiros pesos pesados quando se trata de receber visitantes, o Piauí só agora começa a se estruturar como destino. A Secretaria de Turismo local, por exemplo, está em atividade há pouco mais que um ano e os resorts, tão comuns em toda a Região Nordeste, ainda não chegaram lá.  As pessoas que procuram o litoral do Piauí se hospedam em pousadinhas e pequenos hotéis, que oferecem, no total, módicos 1.200 leitos. Situação que terá de mudar rapidamente se o Estado não quiser perder turistas. "Nossa rede hoteleira está aquém do que o mercado exige", afirma José do Patrocínio, presidente da Piauí Turismo (Piemtur). "Mas temos planos de chegar a 2015 com cerca de 8 mil leitos." A guinada do turismo começou em 2003, quando foi feito um estudo para identificar os potenciais do Estado. Naquela época, Parnaíba - a principal cidade do litoral e a segunda maior do Piauí, com 150 mil habitantes - não tinha nem saneamento básico. E era precária a condição das estradas que ligam a região à capital, Teresina, e a Fortaleza, no Ceará. Problemas que já começaram a ser solucionados, em parte com o auxílio do governo federal. Neste ano, o Ministério do Turismo incluiu Teresina, Parnaíba e São Raimundo Nonato, mais ao sul, na lista de destinos-chave e lançou, em parceria com os governos estaduais, a Rota das Emoções. Esse roteiro integrado passa por Delta do Parnaíba, Jericoacoara (CE) e Lençóis Maranhenses (MA).  AEROPORTO A dificuldade de acesso, no entanto, continua sendo o grande nó turístico do litoral piauiense. Apesar de o aeroporto de Parnaíba ter garantido o status de terminal internacional em 2005, pouco depois de começar a ser administrado pela Infraero, sua pista tímida estava longe de poder receber os Boeings tão sonhados pelo Estado. Para se ter uma idéia, apenas oito vôos internacionais pousaram ali no ano passado, vindos da Europa. Por causa do tamanho reduzido da pista, as companhias tinham de usar aviões menores e programar uma parada de reabastecimento em Cabo Verde, em pleno Oceano Atlântico. A manobra tornava o bilhete muito caro, afastando os viajantes.  Resultado: o aeroporto teve de ser fechado e agora passa por reformas. As obras incluem a ampliação da pista para 2.500 metros, permitindo o pouso de aviões maiores. "Estaremos prontos para receber vôos internacionais em meados de 2009", afirma Patrocínio.  Enquanto isso não acontece, no entanto, quem quiser chegar às praias precisa desembarcar em Teresina e encarar cinco longas horas de estrada. São 350 quilômetros, mas pelo menos a BR-343 agora está com o asfalto tinindo.  Você precisará tomar cuidado apenas com os animais que invadem a pista - caso dos burros, que só há pouco perderam para as motocicletas o posto de principal meio de transporte da região. Tirando isso, o caminho é plano até o litoral, domínio das dunas, das carnaúbas, dos ventos. Uma paisagem que, se desaparecesse, deixaria muita gente chateada.  Viagem feita a convite do Brasil Kite Tour 2008

Fonte:
Lucas Frasão

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