domingo, 15 de março de 2009

Só Sabe Reclamar

O hoje senador Francisco Moraes Souza (PMDB), que administrou o Estado entre 1995-2001 e que se destaca como crítico dos governos de Lula, na presidência da República, e de Wellington Dias, no governo do estado, ambos do PT, investiu pouco em desenvolvimento. A maior parte dos recursos foi direcionada para atender a política assistencialista implementada durante o seu governo.

A constatação está na obra do economista e professor da Ufpi (Universidade Federal do Piauí), Felipe Mendes. Segundo ele, enquanto as secretarias diretamente ligadas ao Palácio de Karnak aplicaram média anual de R$ 32,3 milhões, as secretarias encarregadas promover o desenvolvimento sócio-econômico do Estado ficaram com apenas 25% deste montante.

O estudo relaciona-se ao período de 1995 a 2000 e está na página 290 do livro "Economia e Desenvolvimento do Piauí". No capítulo "Pobreza, Destino ou Escolha?", o economista faz uma avaliação, com base em documentação contábil do próprio governo, da destinação equivocada dada ao dinheiro público e conclui: "O Piauí é pobre por opção."

A opção foi feita pelo próprio governante. De acordo com Felipe Mendes, atualmente secretário municipal de Finanças de Teresina, no período abrangido pela pesquisa o Gabinete Civil, o Gabinete Militar, o antigo Serse (que tinha a nomenclatura Serviço Social do Estado), a antiga Secom (Secretaria de Comunicação) e a Secretaria de Governo diluíram a importância de R$ 193,5 milhões. Enquanto isso, órgãos como as secretarias de Planejamento, de Agricultura, Indústria e Comércio e Meio Ambiente tiveram aporte de cerca de R$ 48,4 milhões.

No ano de 1994, quando o Estado foi governado por Freitas Neto (que se licenciou em abril para concorrer ao Senado) e por Guilherme Melo, foram aplicados R$ 8,6 milhões em despesas palacianas. "Se as metas fiscais tivessem sido cumpridas haveria uma economia de R$ 142 milhões", enfatiza Mendes.

De acordo com Felipe Mendes, a redução de despesas poderia ter gerado disponibilidade de recursos para investimentos prioritários e formação de contrapartida. Tal volume de recursos poderia ter financiado a conclusão do porto de Luís Correia, a construção da Adutora do Garrincho -- levando água do açude Petrônio Portella para as cidades de São Raimundo Nonato, Coronel José Dias e São Lourenço do Piauí, beneficiando aproximadaMente 25 mil pessoas.

Além disso, permitiria a implantação de 6 mil hectares do Perímetro Irrigado Tabuleiros Litorâneos, em Parnaíba (350 km de Teresina), da implantação e pavimentação da rodovia Gilbués/Santa Filomena, nos cerrados, viabilizando ainda a implantação e pavimentação da BR-020, trecho entre as cidades de São João do Piauí e Picos.

Felipe Mendes enfatiza que a pobreza do Piauí "não é um desígnio de Deus ou da natureza, nem resultado da falta de apoio do governo federal. É simplesmente uma questão de escolha. Pergunta-se: é importante investir no amparo à pobreza? É claro, desde que tais investimentos gerem desenvolvimento social. Mas o que ocorreu? As pessoas continuam pobres", finaliza.

Mão Santa fez nesta quarta-feira (11) o seu 984º discurso na tribuna do Senado por ocasião de sessão especial em homenagem aos 186 anos da Batalha do Jenipapo. Como é de costume, atacou os governos de Lula e Wellington e disse que o poder público já poderia ter feito as obras do porto, da hidrelétrica e recuperado a ferrovia Teresina/Luiz Correia. Mão Santa esteve no poder durante sete anos e como se percebe pelo conteúdo da reportagem não adotou as providências necessárias porque não quis. Ele fez uma opção diferente.

Toni Rodrigues

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